Desaceleração do PIB deixada por Bolsonaro será desafio econômico para Lula

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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O PIB brasileiro de 2022 cresceu menos do que a média de todo o mundo. Recuperação será desafio para Fernando Haddad

A desaceleração do PIB do Brasil, que cresceu somente 2,9% no último ano do governo Bolsonaro, será um dos desafios da área econômica do governo Lula. O resultado de 2022 foi um crescimento inferior à média de todo o mundo.

Enquanto o PIB mundial subiu 3,2% no ano passado, o Brasil conseguiu aumentar somente 2,9%. Os dados do PIB brasileiro foram divulgados pelo IBGE nesta quinta (02).

Em uma lista de 47 países, segundo levantamento da Austin Rating e divulgado por reportagem do Poder360, o Brasil marcou a 28ª posição de crescimento econômico. Ficou um pouco atrás da China, que cresceu 3%, e teve um dos seus piores desempenhos anuais em 46 anos.

A repercussão do cenário econômico brasileiro chegou à equipe de Lula com críticas ao governo anterior e o desafio de recuperar os níveis para 2023.

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“Hoje foi publicado os dados do último trimestre do ano. A economia brasileira não cresceu nada, nada no ano passado. O desafio que nós temos agora é fazer a economia voltar a crescer. E nós temos que fazer investimento”, disse o presidente Lula.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse ser esse o desafio para a pasta em 2023. Haddad justificou o resultado do balanço obtido por Bolsonaro pela alta taxa de juros gerada pela gestão, atualmente em 13,75% ao ano.

“As medidas que nós estamos tomando vem justamente ao encontro do desejo do Banco Central de reduzir as taxas de juros, para que a atividade econômica não sofra os efeitos da política monetária. Aquilo que venho dizendo desde dezembro quando fui indicado para o Ministério da Fazenda, harmonizar as políticas fiscal e monetária para que a retomada da economia brasileira não seja prejudicada”, apontou.

Em nota, a Secretaria de Política Econômica (SPE), do Ministério da Fazenda, afirmou que os dados do IBGE, apontando a desaceleração do PIB, são consequências dos juros elevados, inadimplência, baixa liquidez do ambiente externo e “ciclo contracionista da política monetária”.

A taxa básica de juros, Selic, é definida pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central. O aumento dos juros gera menos consumo e menos circulação da atividade econômica do país, que se reflete no PIB.

No quarto trimestre de 2022, os resultados foram menos piores, diante do estímulo de “programa de transferência de renda, liberação do FGTS e pelo crescimento da massa salarial ao longo do ano”.

Ainda segundo a SPE, para este ano, há cenários que dificultam a recuperação econômica, como a “rigidez da política monetária a nível mundial” e as “altas taxas de juros domésticas”.

A pasta espera que políticas como o reajuste do salário mínimo, o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda, o fortalecimento do mercado de trabalho e a produção de grãos recorde projetada para 2023 devem propiciar a recuperação do PIB do Brasil.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

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  1. A aceleração ou desaceleração do PIB seria importante se isso se refletisse em maior ou menor inclusão econômica das dezenas de milhões de novos miseráveis criados pelo neoliberalismo. Com a economia real destroçada e a participação dos salários no PIB imensamente reduzida, esse indicador só interessa aos banqueiros e aos bilionários que ganham dinheiro com juros e com a jogatina na Bolsa de Valores.

  2. Para o noticiário econômico interno o crescimento apresentado foi considerado positivo, já que acima do esperado pelo mercado. A informação em vários veículos estava sendo dada como um bom resultado, apenas com esse destaque para o último trimestre em que ocorreu uma leve queda. Visões e opiniões à parte, os números refletem o efeito pós-pandemia, refletido sobre os setores. Um dado importante foi sobre a indústria e os serviços ter crescido e somado praticamente noventa porcento de todo o volume do PIB. Se não houver crescimento na economia real, com fortalecimento do País e avanços nos vários quesitos de composição do conjunto econômico, vai ser difícil sair desse ciclo de mediocridade apresentado ao longo desses anos. O prêmio de qualquer investimento tem que compensar para que seja feito e com os juros no patamar atual se torna complicado alguém correr riscos, podendo obter ganhos sem expor o patrimônio. O problema do País é permanecer fora do centro atrativo do que gera e eleva o desenvolvimento conjuntural de um lugar. Não existe apenas uma estagnação econômica do Brasil, mas uma limitação de capacidade, do potencial expressado por ele de ser um ator com alguma relevância. Como sociedade, ou seja o barco em que todos estão, é preciso definir qual é essa capacidade que o País quer ter e oferecer.

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