Duas equipes de linguistas forenses conseguiram encontrar os rastros dos autores das primeiras mensagens que impulsionaram o avanço do movimento agora conhecido como QAnon.
Reportagem do jornal The New York Times aponta o desenvolvedor de software sul-africano e jornalista de tecnologia Paul Furber como autor das primeiras mensagens que impulsionaram o movimento, em 2017.
Outro nome que ajudou a disseminar os conteúdos conspiratórios é o de Ron Atkins, responsável por um site onde as mensagens Q começaram a aparecer, em 2018, e que agora concorre ao Congresso no Arizona.
Ambos negam envolvimento com o movimento, mas Furber afirmou em entrevista que as postagens de Q o influenciaram de tal forma que seu estilo de prosa foi alterado.
“Os estudos fornecem a primeira evidência empírica de quem inventou o mito tóxico do QAnon, e os cientistas que conduziram os estudos disseram esperar que desmascarar os criadores possa enfraquecer seu domínio sobre os seguidores do QAnon”, diz a reportagem, ressaltando que os cientistas da computação usam o chamado machine learning para encontrar padrões sutis que não podem ser encontrados em uma leitura mais casual.
Segundo a reportagem, Furber estava fascinado com teorias da conspiração e a política norte-americana – além de se apegar ao chamado “Pizzagate”, ele estava entre aqueles que pegaram uma mensagem subliminar na chamada “Operação Mockingbirg”, um suposto esquema da CIA para manipular a mídia de notícias.
De acordo com as equipes de linguistas forenses, Furber desempenhou o papel principal em escrevê-la, e Watkins parece ter assumido seu lugar no começo de 2018.
As duas análises – uma de Claude-Alain Roten e Lionel Pousaz da OrphAnalytics, uma start-up suíça; o outro pelos linguistas computacionais franceses Florian Cafiero e Jean-Baptiste Camps — foram elaboradas sobre formas estabelecidas de linguística forense que podem detectar variações capazes de apontar a mesma mão em dois textos.
Além de divulgar mensagens apontando o ex-presidente Donald Trump como salvador do mundo, muitos dos adeptos do QAnon estavam entre aqueles que invadiram o Capitólio no ano passado, e o FBI considera o movimento “uma potencial ameaça terrorista”.
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