Estudo da ONU mostra que a casa é o local mais perigoso para mulheres e meninas

Renato Santana
Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.
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Quase 89 mil mulheres e meninas foram assassinadas intencionalmente ao longo de 2022 em todo o mundo, um recorde

O estudo mostra que 55% dos assassinatos foram cometidos por familiares ou parceiros românticos. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Se as ruas se mostram hostis às mulheres no dia a dia, seja no transporte público ou em uma simples caminhada, a casa é o local mais perigoso para mulheres e meninas, segundo um estudo do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) da ONU para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento da Mulher.

A conclusão apresentada nesta quarta-feira (22) indica que quase 89 mil mulheres e meninas foram assassinadas intencionalmente ao longo de 2022 em todo o mundo, o que representa o maior número anual de homicídios femininos relacionados com o gênero registrado nas últimas duas décadas.

Pela primeira vez, desde que as estimativas regionais começaram a ser publicadas, em 2013, a África ultrapassou a Ásia como a região com maior número de vítimas totais, atingindo 20 mil casos.

Outro aspecto chocante do estudo é que 55% destes assassinatos foram cometidos por familiares ou parceiros românticos, o que – observa o documento – destaca a “realidade perturbadora” de que o lar está longe de ser um refúgio seguro para mulheres e meninas. 

Em contrapartida, apenas 12% dos homicídios masculinos são cometidos em casa.

“O número alarmante de feminicídios é um lembrete claro de que a humanidade continua a enfrentar desigualdades profundamente enraizadas e violência contra mulheres e meninas”, disse Ghada Waly, Diretora Executiva do UNODC.

Desigualdades estruturais 

Da mesma forma, o estudo da ONU indicou que cada vida perdida é um apelo para abordar urgentemente as desigualdades estruturais, para melhorar as respostas da justiça criminal, para que nenhuma mulher, mesmo as mais jovens, tema pela sua vida.

“Os governos devem investir em instituições mais inclusivas e bem equipadas para acabar com a impunidade, reforçar a prevenção e ajudar as vítimas, desde o pessoal da linha da frente ao sistema judiciário, a acabar com a violência antes que seja tarde demais”, destaca o estudo da ONU.

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Renato Santana

Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.

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