Torres prestará depoimento hoje e falará sobre bloqueio de eleitores de Lula nas rodovias

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Torres é apontado como o principal mentor para prejudicar as eleições em 2022, acionando operações de blitzes em rodovias do nordeste

Foto: Câmara dos Deputados

O ex-ministro da Justiça Anderson Torres presta depoimento à Polícia Federal, na tarde desta segunda-feira (08). Ele será interrogado sobre a votação no segundo turno das eleições, quando deu ordens à Polícia Rodoviária Federal (PRF) para realizar operações nas rodovidas, que impediram eleitores de Lula irem votar.

Torres é apontado como o principal mentor para prejudicar o resultado das eleições em 2022, acionando operações de blitzes em rodovias do nordeste, contratando mais agentes da PRF para trabalharem nestes estados e indo, presencialmente, à Bahia para pressionar a Polícia Rodoviária nas operações.

A oitiva está marcada para às 14h30 desta segunda e, com a repercussão, Anderson Torres também adiantou que abrirá mão do seu direito de permanecer em silêncio. “Ele vai abrir mão do direito ao silêncio e esclarecerá tudo o que for questionado”, disse o advogado.

Até então, silêncio por saúde

O ex-ministro de Bolsonaro está preso há mais de 110 dias e alegou estado de saúde mental “delicado”, na semana passada, para não prestar depoimento. Ele afirma estar instável emocionalmente e chegou a pedir a liberdade provisória com este argumento.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou, então uma avaliação médica do político para, caso confirmada o estado de saúde, ser transferido ao hospital penitenciário. Com a decisão, Torres recuou da tentativa de sair da prisão e afirmou que irá comparecer para o depoimento.

Entenda as acusações que recaem contra Torres:

O que foi o caso das blitze

À época, o caso das blitze que prejudicou eleitores foi amplamente divulgado e a alegação do então diretor da PRF, Silvinei Vasques, era que os agentes foram mobilizados para atuar em supostos crimes eleitorais, como a compra de votos. Vasques já é investigado no caso e atualmente é réu por improbidade administrativa.

Além dele, o então ministro da Justiça, Anderson Torres, que continua preso, também é investigado de tentar obstruir as eleições 2022. O ex-ministro de Jair Bolsonaro foi à Bahia, dias antes do segundo turno das eleições, para atuar na logística de operações da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Viagem de Torres à Bahia

Um boletim de inteligência produzido pelo Ministério da Justiça, então comandado por ele, trazia detalhes dos locais em que Lula tinha recebido a maior quantidade de votos no primeiro turno das eleições.

De posse desse documento, dias depois, Torres viajou à Bahia, um dos principais redutos eleitorais de Lula, fora de sua agenda oficial, para tratar das operações de blitze. A PRF gastou, ao menos, R$ 1,3 milhão nessas operações.

Mais agentes em estados de Lula

Posteriormente, novas informações da PRF deram conta que o órgão usou a maior quantidade e efetivo extra, ou seja, contratou mais policiais e agentes que estavam de folga para trabalhar no dia do segundo turno em estados das regiões Norte e Nordeste do país, onde Lula detinha as votações mais expressivas.

Amazonas, Pará, Amapá, Maranhão, Tocantins, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Bahia e Minas Gerais tiveram essa contratação extra de agentes da PRF.

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Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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