As estratégias jurídicas de Tanure e Daniel Dantas, por Luis Nassif

Antes da grande guerra em torno das teles, tive uma última conversa com o banqueiro Daniel Dantas, do Banco Opportunity. Foi em um café da manhã em um hotel da Paulista.
 
No meio do café, Dantas ficava com olhar vago, não se fixando em nada, como se tivesse pensando em voz alta. E falava da estratégia de seu conterrâneo Nelson Tanure, de usar as ações judiciais como parte de uma estratégia comercial. Tanure entrava em uma empresa em dificuldades, comprava participação, depois criava todo tipo de obstáculo para vender caro a retirada. 
 
Foi assim com o Banco Boa Vista, adquirido pelo Bradesco.
 
Dantas reclamava que seus advogados não conseguiam sair da letra fria da lei e pensar estrategicamente, usando as ações como um elemento a mais.

 
Na grande batalha da Satiagraha, Dantas usou armas mais potentes. De um lado, um enorme imbróglio jurídico para vender caro sua participação. De outro, a compra despudorada de apoio da mídia, com 12 páginas de publicidade na Veja, casando com artigos em sua defesa.
 
Agora, na disputa pela Oi, Tanure repete sua estratégia habitual. Adquiriu posição acionária na bacia das almas e dificultará ao Máximo qualquer solução. E, para a parte jornalística, contratou o ex-diretor de redação de Veja, Eurípides Alcântara, que estava no comando da revista na época da parceria com o Opportunity, com rendimento de R$ 100 mil mensais. 
 
Como diretor da revista, Eurípides conseguiu perder batalhas jornalísticas mesmo estando no comando de uma máquina de guerra. Em seu período produziu capas como as contas falsas no exterior, a invasão das FARCs, o dinheiro de Cuba, o grampo no Supremo.
 
Agora, na infantaria do lobby, ainda não se tem clareza sobre qual a estratégia que montou para Tanure, já que o álibi do macartismo não se aplica nesse jogo. E a Veja tenta de todo jeito se desfazer da herança complexa daqueles tempos.
 
Luis Nassif

4 Comentários

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  1. Bandidos do Sistema Financeiro: hora de movimentar nas sombras!!

    Sinceramente, acho que essa estratégia tende a ser um fracasso. Houve um desgaste de material gigante nesse jornalismo estilo Veja… as opções genéricas também são uma lástima.

    Duvido que o Eurípedes vai se distanciar muito do formato “Antagonista/Empiricus com doses de MBL” para tentar essa jogada.

    Aguardo ancioso por mais esse fracasso… porém, parece que até quando fracassam esses babacas saem ganhando.

    O governo Temer mandou um recado para as ordas de bandidos do sistema financeiro: É HORA DE MOVIMENTAR, SEJAM RÁPIDOS!!!

  2. Poder predatório

    Me causa espento ver que o empresário Nelson Tanure continua na ativa. Por volta de 2008 e 2009, a empresa que ele presidia tinha, entre outras publicações, algumas da editora Peixes. Como a revista SET onde eu escrevia. No final, deixei dere receber pelos meus textos apesar de emitir nota fiscal. Levei calote de 4 mil e ainda paguei imposto sobre esse valor.  Não entrei na Justiça porque ela é lerda e dispendiosa. Alguns jornalistas assim fizeram até início deste ano, eles e outros ainda não tinham visto a cor do dinheiro. Por essa pasagem pela que teve na Gazeta Mercantil e no Jornal do Brasil, o sr. Nelson Tanure me parece ser um empresário ambicioso e com muito dinheiro para pagar essa importância ao jornalista Euripides, mas que passa longe do viés social, do respeito ao trabalho dos outros. O seu poder resulta predatório. Triste.

  3. Nassif:

    esta matéria é daquele tipo que diferencia o teu jornalismo dum grande resto e te coloca em escassa companhia:
    poucos parágrafos sintetizam várias histórias relevantes para análise deste momento.

    Obrigado 

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