Cai o mito do “milagre econômico” durante o regime militar

Estudiosos apontam que nos anos de chumbo houve concentração de riqueza e recessão para os trabalhadores

Jornal GGN – Milagre econômico para quem? No dia em que o golpe militar faz 56 anos, a jornalista Miriam Leitão revela que dois pesquisadores trabalham na tese de que o que houve durante os anos de chumbo foi recessão para pelo menos um terço dos trabalhadores, estagnação para outros 40% e concentração de riqueza para 10%.

Cai por terra, portanto, a principal defesa dos entusiastas da ditadura militar, a de que os regime trouxe milagres para a economia. Segundo os estudiosos, 82% do crescimento da renda dos salários nos primeiros anos do chamado “milagre” foi apropriado pelos mais ricos da sociedade.

Marcelo Medeiros, professor visitante da Princeton University, e Rogério Barbosa, pós-doutorando da Universidade de São Paulo escreveram à jornalista: “Nossa principal conclusão até o momento é de que o crescimento de 1960 a 1970 foi altamente pró-ricos, com grandes parcelas da população tendo perdas ou permanecendo praticamente estagnadas.”

Medeiros e Barbosa ainda pretendem analisar os períodos posteriores à ditadura antes de divulgar o estudo na íntegra, mas já anteciparam 3 pontos: 1- O crescimento foi altamente concentrado. 2- O crescimento econômico entre 1960 e 1970 foi pró-ricos e deixou os pobres para trás e 3- Houve grande aumento da desigualdade de renda.

Redação

8 Comentários

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  1. Com todo respeito, essa “noticia” não é nenhuma novidade. O primeiro a denunciar o “milagre econômico” do governo Médici como uma enganação foi o professor Paul Singer no livro “A crise do milagre”, publicado nos anos 70. Parece que a Miriam Leitão esqueceu deste livro ou nunca o leu.
    Atenciosamente,
    Paulo Oliveira

    1. Tem razão, mas sempre vale a pena refazer o raciocínio que todo o Brasil foi enganado. Hoje tem muita gente ainda iludida de que não teve corrupção na época da ditadura e que houve crescimento econômico acima da média mundial.

  2. O lema (de Delfim?) era “fazer o bolo crescer, para depois dividi-lo” SÓ QUE O DEPOIS FOI NUNCA

    Militares deixaram o poder com 282% de inflação anual!

  3. Bolsonaro é o melhor marketing para os obtusos que pensam nas “maravilhas” de uma ditadura militar que golpeia a democracia e seu povo. Até dá para pensar sobre a imagem tosca de manifestantes pró intervenção militar, quando no sábado foram bloqueados pela PM e disseram que estava parecendo uma ditadura militar.
    Imagina nesta crise planetária atual, um doido com plenos poderes para bloquear a informação e os dados, a impedir que a saúde funcionasse e facilitando para que os empregos voltassem aos tempos da escravidão. Possivelmente estaria obrigando que os estados ao invés de criarem hospitais de campanha, estariam construindo grandes locais para incinerar os infectados. Teria tudo para ser a ditadura mais sangrenta, caso o presidente fosse um doido sem controle e com permissão para tudo, além de assessorado por filhos tão envolvidos e preocupados com a verdade, os “valores e os bens” da nação. Matariam 30 milhões.

  4. A oferta não aumentou, foi a demanda da classe trabalhadora que recuou em decorrência do arrocho salarial. Os trouxas concluíram que houve crescimento milagroso

  5. Eu não preciso de pesquisa para dizer e confirmar esta realidade. A minha situação, família e de meus pais foram nos anos 70 bastante difíceis. Pai desempregado, não tínhamos dinheiro para pagar aluguel, o proprietário(um português de nome “Seu” Lopes) permitiu que morássemos sem pagar(6 pessoas num apartamento de 2 quartos, sala, cozinha e banheiro na cidade do RJ), estudávamos numa escola com ajuda de minha avó materna e avós paternos. Recebíamos ajuda de famílias de uma escola católica, chegamos a passar fome entre outras coisas. A riqueza e o tal milagre econômico tal propagado estavam bem longe de mim e das famílias do bairro em que eu morava. Isso foi a maior FALÁCIA E FAKE NEWS que eu ouvi. Foi o MANTRA MAIS MENTIROSO E PROPAGADO POR TANTOS NAS MÍDIAS AO LONGO DESTES ANOS.

  6. Segundo disse Lula, naquele tempo havia kombis na saída das fábricas, abordavam os operários, perguntavam quanto eles ganhavam, e ofereciam salários maiores. Por isso que os trabalhadores não aderiram à luta ramada, que ficou só nos grupinhos de classe média.

    Houve concentração de renda sim, mas esse fato é com frequência citado maliciosamente, para fazer crer que os ricos ficaram mais ricos à custa de tornar os pobres mais pobres. É falso. Tanto a renda dos ricos quanto a dos pobres cresceu, mas como a renda dos ricos cresceu mais, em termos estatísticos os ricos ficaram donos de um percentual maior do PIB. A concentração foi em termos relativos, pois em termos absolutos, os pobres também melhoraram seus ganhos.

    É normal essa concentração de renda em tempos de grande expansão econômica. Faz-se analogia com o vagão do metrô. Enquanto está no túnel, todos os passageiros estão juntinhos, mas quando chega na estação, os passageiros começam a andar, e aqueles que têm passadas mais larga (os ricos) tendem a se distanciar.

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