MPF denuncia filho de reitor que se suicidou sem provar o que ele fez de ilegal

Ao estilo Deltan Dallagnol, procuradores fizeram até uma ilustração em powerpoint para mostrar a suposta triangulação financeira que teria rendido alguma propina ao filho do reitor. Mas não apresentaram provas da ilicitude dos recursos

Por Fernando Martines

Do Conjur

O Ministério Público Federal ajuizou denúncia contra Mikhail Vieira Cancellier por atos de corrupção na Universidade Federal de Santa Catarina, mas sem apresentar provas do que ele fez de ilegal. Trata-se do filho de Luiz Carlos Cancellier de Olivo, reitor da instituição que se suicidou após ser preso de forma arbitrária no mesmo caso.

Além de Mikhail, outras 12 pessoas foram denunciadas pelo MPF. Segundo os procuradores, o grupo montou um esquema de desvio de verbas destinadas aos programas de ensino a distância.

Caro leitor do GGN, estamos em campanha solidária para financiar um documentário sobre as consequências da capitalização da Previdência na vida do povo, tomando o Chile como exemplo. Com apenas R$ 10, você ajuda a tirar esse projeto de jornalismo independente do papel. Participe: www.catarse.me/oexemplodochile

Luiz Carlos Cancellier se matou após ser preso a pedido de Erika Marena, ex-chefe da PF na “lava jato”, acusado de obstruir as investigações do caso. A prisão foi determinada pela juíza Janaína Cassol Machado, que saiu de licença um dia após a decisão. No dia seguinte, a juíza substituta Marjôrie Cristina Freiberger decidiu soltá-lo imediatamente por falta de provas.

Mikhail agora é acusado de peculato. Segundo os procuradores, o reitor repassou R$ 7 mil dos recursos de EaD para Gilberto de Oliveira Moritz, um dos coordenadores do programa na UFSC. Ele então reenviou a quantia, dias depois, para Mikhail, no que é chamado de triangulação financeira.

Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, Mikhail disse em depoimento não saber os motivos da transferência e afirmou não ter relação acadêmica ou comercial com Moritz. Na época das transações financeiras, ele tinha 25 anos e era ajudado financeiramente pelo pai.

Na denúncia, o MPF afirma que o fato de Mikhail ter demonstrado “incapacidade de manifestação” quando questionado do dinheiro dá “robustez” para a denúncia. Porém, não foram apresentadas provas de que o dinheiro foi dado em contrapartida de algo específico. Há apenas um infográfico à la “powerpoint de Deltan Dallagnol”:

Grande repercussão 
O suicídio de Luiz Carlos Cancellier marcou de forma profunda a comunidade jurídica. O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, declarou que o caso “serve de alerta sobre as consequências de eventual abuso de poder por parte das autoridades”.

Em seu perfil no Twitter, ele disse que o Conselho Nacional de Justiça, o Conselho Nacional do Ministério Público e o Ministério da Justiça deveriam abrir investigações sobre o fato. “Não estou antecipando responsabilização, mas o caso demonstra que, algumas vezes, sanções vexatórias são impostas sem investigações concluídas”, declarou o ministro.

A seccional catarinense da Ordem dos Advogados do Brasil decidiu ingressarcomo fiscal em todos os processos administrativos e judiciais envolvendo Cancellier. Segundo a entidade, o ;acompanhamento se deve em defesa do Estado de Direito, às garantias constitucionais e ao devido processo legal, tanto na tramitação quanto nos desdobramentos do caso.

A Assembleia Legislativa de Santa Catarina fez uma sessão especial em homenagem ao reitor.

denuncia filho Cancellier
Redação

9 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Tá muito, né?
    As indignidades cometidas pela justiça do sul maravilha já estão superando a justiça pessoal praticada no agreste brasil de cima.

    1. pior é que o método de injustiça sulista é infalível, porque é humanamente impossível alguém conseguir provar o contrário do que não existe ou o contrário do que nunca aconteceu…
      é por isso que eles estão sempre se comunicando uns com os outros, porque há os injustiçados que chegam bem perto de conseguir, mas, ou exatamente por isso, seguem marcados para a segunda turma de perseguidores com pedidos de prisão imediata ou condenação

      a troca de informações entre eles(as) deve trazer uma novidade assustadora, um tribunal em família

  2. Quer dizer que pagamos 50mil, 70 mil por mês a procuradores, mais não sei quantas horas de trabalho, papel, Internet, etc, para apresentarem uma denúncia sem provas de um suposto esquema de desvio/propina de 7 mil ???

  3. Só queria ver se esses daí, do MP, têm coragem, raça, sabedoria, brio, hombridade para denunciar Serra, FHC, Bolsonaro e cia, Dória, o chileno com focinho de porco… mas não! Fazem qualquer coisa para mostrar o quanto são iguais.
    Pena que eu não acredite mais em justiça. Pena! É muita desqualificação humana. Que horror!
    Espero sinceramente que um dia eles acordem! Um pais de injustiças praticadas por quem deveria fazer o contrário caí em estado de profunda violência, onde ninguém escapa. Veremos!

  4. A ORCIM que se instalou no Judiciário e Polícia Federal tem que continuar atuando, é importante terem carne fresca para canibalizar, assim justificam sua existência, seus absurdos salarios e diárias de viagem pra lá e pra cá, é como uma empresa com um passivo oculto enorme a encobrir e precisam de jogar fumaca para distrair, disfarçar, ludibriar e tudo isto com imensas verbas públicas. Que canalhas!

  5. Isso é a assunção, pelas pessoas do Judiciário, da culpa pelo suicídio de Cancellier pai. Os procuradores estão, mais uma vez em conluio com os juízes, tentando criar a narrativa de que o falecido reitor tinha, sim, cometido crime, não querem mais continuar arcando com suas responsabilidades, como se isso fosse possível.

    Mas como já vi mestres dizendo, se você errou no passado, bem… não tem como mudar o passado. Mas ajuda se, daqui por diante, mudar o jeito de fazer as coisas… Esse pessoal do Judiciário é muito burro: onde já se viu querer consertar um erro cometendo-o de novo? Isso não demonstra que estavam certos, demonstra que são burros o suficiente para continuarem errando.

    Erika Marena, Janaína Cassol Machado e Marjorie Cristina Freiberger já estão no caminho sem volta do, como diria o Kuzuo Koike, “meifumado”.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador