DA NOTA DE RODAPÉ AO EDITORIAL
por Christiane Novas, Jacqueline Quaresemin, Júlia Vianna
Uma mulher se casa com um diretor de cinema. Este, passado o rito do enlace, faz ameaças de morte e a obriga a se prostituir vendendo seus “serviços sexuais” a 5 homens simultaneamente. Indignada, tenta voltar para casa dos pais e é rejeitada – mesmo denunciando que o marido a espanca com frequência. Uma triste trama de ficção? Não. Essa foi uma experiência real de Linda Lovelace, a estrela do famigerado filme pornô Deep Throat. Despida de seu codinome e à revelia de seus agressores, Linda Susan Boreman tornou-se um ícone do ativismo contra os maus tratos às mulheres dentro da indústria de películas eróticas. Ainda assim, e 44 anos depois, a pregnância do imaginário popular prefere continuar a celebrar sua personagem sem que a violência atrapalhe o gozo.
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jovens estupradores são culpados e devem ser punidos pelo crime?
Bom saber que não precisamos mais de investigação criminal, do devido processo judicial e outras quinquilharias legais para definir quem é culpa ou inocente. Afinal, como sabemos, todo e qualquer homem é sempre um potencial estuprador, não é mesmo?
Deixa de má fé, o texto nao diz q nao é necessário investigar
Haja vontade de desculpar a priori os que participaram do ato!
E haja vontade de culpar a
E haja vontade de culpar a priori os homens por um problema que é da sociedade.
E haja incapacidade de compreender textos e/ou má fé…
Onde culpei os homens em geral pelo estupro? Agora, os que praticaram o estupro nao podem ser desculpados em nome de ser um “problema da sociedade”. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
“Os jovens estupradores são
“Os jovens estupradores são culpados e devem ser punidos pelo crime que cometeram. […] Devem ser punidos pela nossa memória e pela nossa vigília ativa. […] Por que não gravamos os nomes, feições e posts de redes sociais deles para a sabatina?”
Posso ter interpretado mal, o que sempre é possível, mas creio que também fui mal interpretado, e julgado a priori. Para que fique claro, então: não sou de modo algum conivente com este crime hediondo, mas também não quero ser conivente com a linchamento de pessoas que podem ser inocentes. Apenas isto.
Quando afirmo que o machismo é um problema social, não estou querendo livrar os homens da responsabilidade por seus efeitos, mas apenas lembrar que também as mulheres, todas elas e não apenas as feministas, precisam refletir sobre suas responsabilidades diante do fenômeno. A sociedade não é um ente abstrato que paira acima de nossas cabeças, mas composta por pessoas, homens e mulheres, entrelaçados pelas várias instituições sociais; e, se a nossa sociedade é machista, o que concordo absolutamente, desobrigando os homens da responsabilidade de dividir as tarefas domésticas e a criação dos filhos, quem é que ensina estes meninos a serem machistas? Deus?!
De todo modo, eu devo mesmo estar errado, afinal, a Lúcida aqui é você, não é mesmo? Peço-lhe sinceras desculpas.
André, todos estamos sujeitos
André, todos estamos sujeitos à interpretação. Ótima ou péssima. Raramente a interpretação precisamente correta. Portanto, e como coautora do texto, vou tentar ser bastante sucinta.
Leia novamente o trecho que destacou e do qual removeu algumas partes. Há o comprometimento com o linchamento de algum inocente? Há, em algum momento, a condenação de seres abstratos ou alguma generalização que abra para tal interpretação? Ou há, na verdade, o apontamento de que estupradores devem ser punidos? Você acredita que algum estuprador não deve ser punido? Se a resposta pra essa última pergunta foi “não”, então os três discursos estão de acordo: o seu, o meu (aqui) e o do trecho por você destacado.
Do segundo parágrafo em diante, me desculpe, mas você só fez explicitar o machismo e o pensamento opressor. Não me demorarei mais que outra linha para a resposta. Só queria dizer que a culpa da opressão é do opressor e nunca o contrário.
Entendo o seu ponto!
André, já presenciei muitas mães de filhos homens dizendo que eles são abatedores, que quem tem filhas mulheres são quem devem cuidar de suas meninas. Ou seja, esse tipo de mãe não ensinam aos filhos que devem respeitar as meninas, dizem que devem se divertir com elas. É uma cultura socialmente imposta por uma sociedade machista, sociedade com personagem de ambos os sexos. Assim, reafirmo o que escrevi em meu comentário “a sociedade deve progredir e aprender a respeitar o próximo”. Não achei que seu comentário foi machista, ele foi real. Também conheço mulheres que agridem seus companheiros, isso também existe, não são a maioria, mas existem.
O texto esta muito bom ! É um
O texto esta muito bom ! É um discurso coerente e, faz uma analise das “propriedades” da mulher usurpadas pelo poder da força masculina seja ela força fisica, ideologica, espiritual. Excelente!!
Obrigada, Alexandra.
Obrigada, Alexandra. Continuemos a refletir, a falar, a ocupar os espaços!
Excelente texto!
Penso que as sociedades, assim como as Leis, precisam evoluir. Não se trata de abuso e agressões contra as mulheres, se trata de abuso e agressões contra um o mais frágil e indefeso. O mais forte fisicamente, o mais forte financeiramente, o mais forte intelectualmente, o mais forte articulador político, impõem suas forças aos menos favorecidos, tirando-lhes a dignidade, a identidade, a sanidade, a sobrevivência, a vida, ao invés de ampará-los e auxiliá-los. Isso também é percebido em práticas racistas, em práticas homofóbicas, em práticas contra a criança e ao adolescente, em práticas contra os animais e a destruição do planeta. Todas essas práticas vergonhosas se resumem em “abuso e agressões contra o mais frágil e indefeso”. Assim, concordo que é um problema social e que deve ter o respaldo e amparo Legal para doutrinar as pessoas que ainda desconhecem o respeito ao próximo. Falar que mulheres que se vestem com roupas decotadas ou são atraentes merecem ser violentadas, é um argumento irracional, pois se isso fosse a real razão, as mulheres que se comportam modestamente em público vestindo burcas não seriam tão cruelmente violentadas como de fato as são!!! Devemos sim debater, pois o debate é uma ótima ferramenta para a compreensão e aprendizado. Devemos aprender a respeitar as pessoas, os animais, o meio em que vivemos e mundo que habitamos.
Concordo plenamente com a
Concordo plenamente com a necessidade de mudanças da legislação, Melissa. E também com seus apontamentos sobre as outras opressões que nossa sociedade fomenta e sustenta. São todas absurdas, violentas, cerceadoras da evolução. Obrigada por também promover o debate! Só juntas mudaremos isso.
Só um pequeno comentário: estamos, cada vez mais, nos percebendo como nada indefesas ou frágeis, não é? Nós, as mulheres, mas também homossexuais, negras(os), índias(os), pobres, periféricas(os), etc. Essa categorização de “minorias” e de “fragilidade” foi e é parte do discurso do opressor. Nesse caso, usam da linguagem para estabelecer também uma relação de poder. Não admitem um coletivo que englobe todos, igualmente. Nos relegam a esses cantinhos. Mas eu entendi o que quis dizer e vocêo fez perfeitamente. Só uma reflexão mesmo 🙂
Mas vamos juntas, vamos conquistando os espaços. Aqui no GGN e em todo lugar.