O que as empresas mais buscam no profissional de TI?

Milhares de empresas reclamam da falta de mão de obra qualificada no setor da tecnologia. O artigo “Sobram vagas de TI no Brasil” publicado neste mesmo blog (http://www.ceviu.com.br/blog/info/artigos/sobram-vagas-de-ti-no-brasil), mostra que o número de vagas de TI disponíveis chega próximo de 90 mil. Em contrapartida, milhares de profissionais reclamam dos salários oferecidos por estas empresas. Para tentar entender um pouco deste paradoxo, entrevistamos Lúcia Ribeiro Mendes, especialista em Gestão de Recursos Humanos com mais de 10 anos de experiência com RH sendo que 6 deles voltados à empresas de T.I. Na entrevista, Lúcia mostra alguns aspectos importantes levados em conta pelas empresas ao entrevistarem profissionais da área de tecnologia.

CEVIU Blog: 1 – O que as empresas buscam em um profissional de TI?

Lúcia: Sempre que iniciamos um processo de seleção, nossa principal preocupação é encontrar um profissional que se adeque à cultura da empresa. Isso independe se ele é da área de T.I., finanças ou saúde. Isso é o princípio básico. Claro que não nos limitamos a isso. Experiência, maturidade profissional, conhecimento técnico e maturidade comportamental, são fatores que também são avaliados. Mas de nada adianta a pessoa atender a todos os demais quesitos se ela não irá se identificar com a cultura da empresa.

CEVIU Blog: 2 – As empresas veem os profissionais de TI de forma diferente dos demais?

Lúcia: Cada área de uma empresa possui profissionais com determinadas peculiaridades. Não é diferente com T.I.. As principais características que observamos nestes profissionais são: criatividade, independência, sede de inovação, apreço por tarefas múltiplas e pouco apego à empresa em que trabalham.

CEVIU Blog: 3 – Qual a característica mais comum entre os profissionais de TI?

Lúcia: Interessante ressaltar que, sempre que iniciamos um processo de seleção de profissionais de T.I., nós nos deparamos com uma eterna inconstância entre experiência, formação e pretensão salarial. Isso acontece apenas com profissionais de T.I.. Em todas as demais áreas nós vamos ver a seguinte constante: Formação + Experiência caminham lado a lado com faixa salarial. Ou seja, quanto maior os dois primeiros fatores, maior a faixa salarial do candidato. Mas isso não acontece na área de T.I.. Quando falo que é inconstante, isso é literal. Não necessariamente um profissional com formação e experiência pede um salário alto e o contrário também é verdadeiro. Já me deparei com profissionais que tinham apenas o ensino técnico e com menos de 2 anos de experiência, que ganhavam o mesmo que profissionais plenos ou sêniores com uma experiência bem mais interessante.

CEVIU Blog: 4 – Quem tem mais dificuldade, o profissional capacitado que busca bons salários e não encontra, ou a empresa que oferece bons salários, mas não encontra o profissional ideal?

Lúcia: Apesar de estar do lado da empresa, arrisco a dizer que ambos passam pela mesma dificuldade. Mas, olhando pelo lado do profissional, eu encontro uma explicação simples do por que eles não encontram o emprego ideal mesmo se capacitando: O profissional de TI muitas vezes se acomoda no conhecimento e não entende que, as empresas não buscam apenas as competências técnicas, mas buscamos igualmente as competências comportamentais. Para entender isso melhor, gostaria de citar uma frase que ouvi de uma colega de profissão “Nós somos contratados pelas nossas competências técnicas e demitidos por nossas incompetências comportamentais”.

CEVIU Blog: 5 – O profissional de TI deve seguir as mesmas dicas de comportamento em uma entrevista de emprego que os demais? Se não, por quê?

Lúcia: Claro que o profissional de TI deve seguir as mesmas dicas de comportamento em uma entrevista de emprego. Essas dicas o ajudam a apresentar-se melhor durante um processo de seleção. E, muitas vezes, o profissional de TI tem muita dificuldade nisso.

CEVIU Blog: 6 – É mais difícil contratar um profissional de TI do que outro tipo de profissional?

Lúcia: Sim. Mas não pelos motivos que todos imaginam: Falta profissional no mercado. O que dificulta o processo de seleção de um profissional de T.I. é a inconstância entre formação, experiência e salário, aliado ao parco desenvolvimento das competências comportamentais. Encontrar um profissional que alie todos estes pontos é realmente raro.

* Lúcia Helena Ribeiro Mendes é Gerente de Recursos Humanos formada pela FUMEC e especialista em Gestão de Recursos Humanos pela FGV. Tem mais de 10 anos de experiência com RH sendo que 6 deles voltados à empresas de T.I.

Fonte: http://www.ceviu.com.br/blog/info/dicas/o-que-as-empresas-mais-buscam-no-profissional-de-ti