Os ingredientes da crise permanente, por Helena Chagas

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Haveria uma chance mínima de começar a sair do buraco se algumas forças políticas criassem juízo e, acima de interesses conjunturais, aprovassem uma pauta de reformas sinalizando a volta da credibilidade. Essa credibilidade é do país, não do governo
 
 
Do Fato Online
 

A turma de Curitiba está gostando da brincadeira e prevê mais três anos de operações da Lava-Jato para investigar todo o estoque de indícios e pistas que diz ter acumulado até agora. A oposição e os movimentos pró-impeachment admitem que as chances de afastar a presidente da República hoje são remotas, mas vão cozinhar o processo na Câmara até um momento mais propício, apostando no desemprego e desgraças afins. Outros setores ainda acalentam esperanças de que o TSE casse a chapa Dilma-Temer e convoque novas eleições.

Tudo isso é lote na lua. Não se sabe se a Lava-Jato – sobretudo sua parte política, que vem aterrorizando Brasília, mas é controlada pela PGR e pelo STF – terá mesmo munição para manter por mais três anos as denúncias e o clima de incerteza que desestabiliza a política hoje. Também é duvidoso o destino do processo de cassação no TSE, que ainda não teria provas cabais necessárias para anular a eleição presidencial, um ato de enorme gravidade e sem precedentes no país.

Zerado pelo STF, o processo de impeachment também não é um caminho fácil, pois ainda precisa  tramitar na Câmara. Seus defensores imaginam, nesses meses, reunir condições que não existem hoje para sua aprovação. Sonham em desencantar o movimento de massas a partir da situação cada vez mais difícil da economia. Não há, porém, qualquer garantia de que isso vá acontecer, num contexto em que a revolta e o desencanto da população tendem a ter como alvo a política como um todo, engolindo seus mais diversos protagonistas. Falta também uma peça do quebra-cabeças, o projeto futuro: tirar Dilma e botar quem?   

Todo esse clima, porém, continua compondo o quadro de  ingredientes da crise. Num cenário ideal para o Planalto, a presidente conseguiria acelerar o processo de impeachment na Câmara, levá-lo logo ao plenário e reunir mais do que os 172 votos necessários para derrotá-lo – de preferência, mais de 257, maioria absoluta, numa demonstração de que mantém condições de governabilidade.

O governo viraria a página e poderia, finalmente, começar a governar, votando os projetos de ajuste da economia e as reformas estruturais como a da Previdência.

Só que não. Apesar de as condições jurídicas e políticas relacionadas ao impeachment terem melhorado para a presidente – e pode-se incluir na coluna a favor do Planalto a divisão do PMDB que enfraqueceu o vice Michel Temer –, o governo não foi capaz de dissipar o clima de incerteza em relação ao que vai acontecer.

Na virada do ano, houve um ensaio débil de volta à normalidade, mas acabou sufocado. Entre outras razões, porque seu principal porta-voz, o ministro chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, tornou-se imediatamente alvo da Lava-Jato. Sem entrar no mérito, há a constatação óbvia de que  Curitiba não trabalha a favor da governabilidade em Brasília. E lá vai a Lava-Jato com os motores ligados.

Da mesma forma, oposição e setores favoráveis ao impeachment não perdem as esperanças de derrubar Dilma e vão continuar fazendo barulho. No Congresso, a situação dos parlamentares acusados deve mobilizar as atenções e vai ser, para eles, mais importante do que a economia. Eduardo Cunha continua solto – e atrapalhando –  até o STF decidir em contrário, o que não se sabe quando vai acontecer. O PMDB, às voltas com sua disputa interna, está pouco ligando para o Planalto. O PT, começando o ano eleitoral na pior situação possível, também não  ajudará a aprovar a pauta fiscal – ao contrário, continua pressionando por um cavalo-de-pau na economia, com a queda dos juros na marra.

Assim como o biscoito Tostines, que ninguém nunca soube se vendia mais porque era mais fresquinho ou se era mais fresquinho porque vendia mais, nunca saberemos se o governo perdeu o apoio político e a credibilidade porque não consertou a economia ou se não consertou a economia porque perdeu o apoio político e a credibilidade.

O que sabemos é que os ingredientes da crise continuam aí e os seus atores são os mesmos. Haveria uma chance mínima, uma ínfima possibilidade de se começar a sair do buraco se algumas forças políticas criassem juízo e, acima dos interesses conjunturais, aprovassem uma pauta de medidas e reformas que sinalizem a volta da credibilidade. É bom lembrar: a credibilidade é do país, e não do governo do momento.

Como essa hipótese é muito remota, estamos fadados a operar no modo crise de forma permanente.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

11 Comentários

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  1. Ditadura – Monarquia – Assembleia Constituinte – Parlamentarismo

    Só que não!

    Da mesma forma que nas eleições aqui no Brasil invariavelmente se utiliza do voto útil, aquele do menos pior ou para impedir que o bizarro se eleja, o processo politico repete a mesma coisa, submetido neste presidencialismo de coalisão, do partido na oposição torcer para o governo não ser bem sucedido na economia, torcendo pelo fracasso, porque submetidos a um sistema politico impraticável, é suicídio politico que o adversário obtenha sucesso, a torcida do qto pior melhor é a única estratégia disponível no jogo politico atual, qual equipe torceria pelo adversário? A avaliação do governo pela opinião publica não se realiza pelo sucesso obtido e sim pelo fracasso. E os políticos trabalham neste sentido, levados única e exclusivamente por interesses privados.

    O nó do fracasso da economia do Brasil sempre foi a politica. Geograficamente o Brasil é privilegiado, terras imensas e agricultáveis, uma população expressiva, possibilitando mão de obra abundante, minérios inesgotáveis, natureza exuberante. Porem, a mentalidade das elites invariavelmente se pautou numa cruel indiferença social, ganancia sem limite e desconcertante deboche com a inteligência alheia.

    O problema do Brasil é politico, antes de qualquer outro, não seria a hora adequada da reunião de todos em busca de equacionar de vez com a herança maldita que impede da Nação empreender de vez o rumo a seu verdadeiro lugar no mundo? Isto tem que acontecer o mais rápido possível.

    Mantendo as coisas como estão, projeto algum encontrara sustentação que possibilite o sucesso. Todos os partidos estão rachados sem coesão, mesmo os pequenos partidos não conseguem um discurso que ofereça concordância entre seus pares, muito menos com o restante da agremiação politica existente. Nenhum partido, nenhum cacique, nenhum personagem tem condições de dar qualquer sustenção politca de governança, principalmente com a lava jato servindo de incentivo a fiscalização de qualquer tentativa de acordo politico baseado do velho esquema do é dando que se recebe. No momento não existe condições de qualquer conchavo, e a governança somente funciona desta maneira. O que fazer?

    Se surgisse uma voz esparsa sustentado por um discurso razoável, e voz como esta já existe discursando ao vento por ai, com conteúdo e propostas exequíveis e pragmáticas, mas, sem sustentação partiddaria, seria repetir o cenário de temeridade, aquele que o salvador da pátria não conseguiria outra coisa senão o conhecido voo de galinha. Como conseguir um consenso que unisse os políticos diante de interesses convergentes?

     

    Então… mesmo que existam pessoas hoje em dia com ideias razoáveis, contudo sem agremiação politica, não pode ser considerado como alternativa exequível.

    O que fazer?

    Em casa que falta pão, todo mundo briga e ninguém tem razão.

    Esta se delineando cada vez com mais clareza que o Brasil necessita de um novo acordo dentre todos os representantes da Nação a fim de superar o impasse que se encontra. Um livre atirador seria uma aventura que já aconteceu e ficou demonstrado que na sociedade brasileira, heterogênea por natureza, a proposta é no mínimo perigosa e inútil. O colegiado politico atual encontra-se incapacitado para dar sustentação para qualquer projeto de coalisão que recoloque a economia em um novo roteiro de equilíbrio e quiçá de crescimento. É um impasse de difícil solução. Pode-se até ajeitar a coisas como empurrar os problemas com a barriga, mas o Brasil, como Nação continuará a ser utopia. Os políticos de um jeito ou de outro continuarão se locupletando com a riqueza publica, servindo de gerentes do rentismo. Se porventura apenas se substituir os mandatários sem verdadeiras mudanças estruturais seria apenas mudar o grupo que fica com a maior parcela do butim.

    É necessário mudar ou aprimorar intrinsecamente o presidencialismo de coalisão existente que já da mostra inequívoca de decadência. Da forma como esta estruturado é o velho deboche conhecido. É necessária mais seriedade. O que poderia ao menos catalisar os diversos interesses numa mesma direção? Isto é imprescindível no atual momento. E ao mesmo tempo aparentemente de impossível realização.

    Cabe aos partidos indicar postos importantes como as diretorias da Petrobrás. Quando se convida um aliado a participar, ele tem justa expectativa de exercer poder e os partidos decidem soberanamente. O Executivo neste sistema forçosamente é o fiador das indicações. Isto não tem condições de continuar como esta.

    De qualquer prisma que se olhe não aparece qualquer solução satisfatória.

    Sera que não existe qualquer ideia, sugestão, qualquer coisa que esclareça ao menos um pouco com o nevoeiro existente?

  2. O PT colhe o que plantou

    E quem paga é o povão.

    O PT, quando na oposição nunca teve essa nobre atitude de recconhecer um momento difícil para o governo e afrouxar o pescoço do mesmo.

    Não apoiou o governo Itamar para sair da crise pós-impeachment de Collor, pois se julgava imbatível em 1994.

    Preconizou e lutou pleo fracasso do plano real, pois o sucesso do plano acabaria com seu projeto para o mesmo ano de 94.

    Perdeu e coordenou uma greve de petroleiros que tentou paralizar o país, sempre na esperança de fazer fracassar a estabilização da economia.

    Lutou arduamente contra a CPMF, pelos mesmos motvos.

    Em 1999, promoveu a Marcha dos 100mil, com um governo altamente fragilizado pelo estelionato eleitoral de 1998, perpretado por FHC e sua turma.

    Por que motivo alguém imagina que aqueles que tiveram o PT na oposição sempre trabalhando pelo quanto pior melhor, neste momento iria agir de maneira diferente ?  

  3. a culinária da crise pode

    a culinária da crise pode empanturrar os chefes de

    cozinha da grande mídia e seus seguidores, muitos reles lavadores de pratos

    e invejosos da verdafeira arte culinária, digo política…

    se voce colocar só ingredientes negativos, 

    o resultado é a permanencia da crise….

     

  4. TRANSIÇÃO DEMOCRÁTICA com DILMA (fora do PT)

    Uma proposta de governo de transição

    NASSIF, 

    (o artigo da HELENA me faz reproduzir aqui, o que venho pregando desde 2014: o Brasil precisa de uma transição negociada para o restabelecimento da confiança no país, conforme aponta a articulista).

    O texto de 2015 aqui: https://jornalggn.com.br/blog/jroberto-militao/uma-proposta-de-governo-de-transicao-democratica-com-dilma 

    Em 18/4/14, antes da convenção do PSB publiquei aqui um artigo em que, na condição de membro do diretório do PSB/SP defendia dentro do partido o nome de MARINA SILVA para a cabeça de Chapa do PSB, com Eduardo Campos de Vice a fim de ser levada aos brasileiros uma campanha exclusiva de um governo de transição democrática.

    A conjuntura desde 2013, ao ver de Eduardo Campos, apontava para uma verdadeira herança maldita para o futuro presidente a ser eleito, qualquer um que fosse.

    Então, em 2014, para viabilizar um governo de ´Reformas e Transição Democrática´  PSB-MARINA se comprometeria a um mandato de três anos, sem postular reeleição e entregaria a EDUARDO toda a gestão política da transição.

    Aqui o artigo de 2014:https://jornalggn.com.br/fora-pauta/psb-por-um-governo-de-salvacao-nacional

    Neste momento de perplexidade à direita e à esquerda, ouso relembra-lo, pois, a despeito da tragédia com Eduardo (se tivesse me ouvido estaria vivo, articulando o governo de transição democrática), pois a pertinência política, continua cada dia mais evidente.

    Não há como deixar de reconhecer: tal como em 2013 o ´povo está nas ruas´ e igualmente não dispõe de uma pauta. A única pauta é a das ´mudanças´, em abstrato, o que todos sabemos: reformas institucionais são necessárias e indispensáveis. Depois de 26 anos da Carta Cidadã de 1988, a nação exige e precisa de reformas estruturais profundas.

    Essas reformas somente poderão ser profundas e bem feitas por uma ´Assembléia de Reformas Constituinte´. Por ser uma constituinte derivada, não poderá reformar nenhuma cláusula pétrea. E precisa ser EXCLUSIVA. Enxuta. Bastam 100 constituintes exclusivamente reformadores. Sem direito de serem eleitos na eleição seguinte. Possível ser convocada pelo Congresso em noventa dias. Eleita ainda em 2016, e já convocando eleições gerais para 2017. 

    Nesse pacto nacional, adiam-se as eleições municipais para 2017 e antecipam-se as estaduais e a de Presidente, todas para 2017. Serão eleições gerais num novo ambiente político.

    No quadro atual somente uma pessoa poderá fazer isso: DILMA ROUSSEF.

    Mas para fazei-lo precisará convocar, em rede nacional um Pacto Nacional, nominando as pessoas essenciais ao pacto: LULA, FHC, MARINA, AÉCIO, CIRO, ERUNDINA, MARTA, SERRA, ALCKIMIN, JOAQUIM BARBOSA, PEDRO SIMON, CRISTÓVÃO BUARQUE enfim um primeiro time com o que há de melhor, mais contraditório, mais antagônico e mais expressivo no mundo político. Duvido que algum deles sabote ou desdenhe tamanha iniciativa.

    Porém, para ter essa credibilidade precisará de um movimento radical e ousado: a desfiliação do PT e a convocação de um Gabinete de Transição que contará com nomes suprapartidários petistas, tucanos, emedebistas, socialistas, democratas e aqueles que se somarem a uma ´convocação nacional´. Um ministério tipo ´Adib Jatene´ o saudoso Ministro da Saúde criador da CPMF.

    Todos sabemos que DILMA não é petista histórica. Sabemos que muitos petistas não a consideram companheira por ter sido brizolista e adversária do PT no Rio Grande do Sul – assim como não são companheiros os que saem do partido e os aliados que queiram trilhar seu próprio caminho: Erundina, Marina, Eduardo Campos, Marta, Ciro etc.  – portanto, a fim de pairar acima das paixões partidárias e assumir uma posição de Magistrada numa convocação para um pacto de transição teria que deixar o PT.

    A saída de DILMA do PT não seria nenhum fato traumático. Seria um gesto extraordinário inclusive para o PT. Mas a libertaria dos compromissos partidários e libertaria o próprio PT com a renúncia de parte do mandato. Se aceitar reduzir para 2017 estará em condições políticas de exigir dos governadores – com o apoio popular – o mesmo sacrifício em nome das reformas urgentes que a população exige. Os próprios governadores sem recursos nos orçamentos devido a crise fiscal, também serão libertos.

    A ingovernabilidade é latente. O governo tem sérias dificuldades de somar 1/3 de apoio no Congresso Nacional. Ou caminhamos para um governo de transição democrática ou veremos o governo de DILMA com o PT sangrar – e o país em convulsão – pelos próximos anos. Os processos criminais da corrupção, caminham… Muita “gente boa” ainda será alcançada. Os demais setores da corrupção endêmica ainda serão expostos.

    É tempo demais. A nação será sacrificada. Com a convocação de um pacto político em seis meses a confiança estará restabelecida.

    Nos discursos de Eduardo-PSB, ele criticava a condução da política econômica do governo Dilma que já não era o mesmo governo de Lula e dizia: “Qualquer um que ganhar as eleições de 2014 não terá condições de governar. Por isso, precisamos levar à campanha uma proposta que não será um Programa de Governo, mas apenas a ênfase a um Programa de Reformas e de Transição.

    Em 2016, as condições políticas se agravaram. DILMA com o PT perdeu as condições de governabilidade. As bases macroeconômicas se deterioram ainda mais. E agravam o déficit fiscal a cada dia. Os escândalos das corrupções que sai da área empresarial para o mundo político estará destruindo ainda mais a credibilidade da política. Quantos ainda serão investigados e presos? Uma fantasia imaginar que apenas Delcídio será pego.

    Para o país, o pior dos mundos será o total fracasso do governo DILMA. Ainda  pior é o caminho do impeachment – politicamente possível embora sem fundamento jurídico – seria desastroso para a credibilidade do país, gerando insegurança política e jurídica diante dos agentes econômicos.

    Se vitoriosa a tese produzirá imensa convulsão social pois os mais pobres e os movimentos sociais orgânicos que a elegeram Dilma e confiam no PT, sentir-se-ão traídos pela elite política. Além disso, a emenda será ainda pior, com o governo e o poder central caindo no indesejável – e não eleito – colo do velho PMDB do prof. Michel Temer, Renan Calheiros, Sarney, Eduardo Cunha et caterva.

    Portanto, a solução ainda é DILMA com a redução do mandato e unificação das eleições gerais para 2017. E essa solução seria boa para todos, inclusive para o PT, PSDB e demais partidos nacionais. A atual geração de líderes será renovada. Em dez anos todos estarão superados.

    A proposta é ousada, porém possível: a renúncia de parte do mandato, assumindo um compromisso público de fazer um ´governo de transição´, e o anúncio do fim da reeleição continua tendo os pré requisitos essenciais: seriedade, determinação, lealdade e credibilidade para tal missão.

    Todos erraram em 2014. O PT ao insistir com Dilma a qualquer custo, inclusive da ilusão marqueteira do terrorismo eleitoral. O PSDB que não teve a humildade de reconhecer sua fragilidade e insuficiência de quadros para enfrentamento do grave momento político que  ´o povo nas ruas de 2013´ denunciava e, se desistisse da disputa eleitoral os tucanos podiam ter exigido de Marina um compromisso de transição democrática com a redução do mandato a três anos e o fim de reeleições.

    Marina também errou, quando o destino a convocou para comandar uma transição negociada acabou sendo induzida a sonhar com a possibilidade de governar depois de um enfrentamento eleitoral belicista contra o PT/PMDB e o PSDB. Essa possibilidade jamais existiu. Em 2014, ninguém tinha condições de ganhar a disputa eleitoral e governar, dizia, profeticamente, Eduardo Campos.

    A possibilidade que nossa geração poderá edificar para as futuras, será o de transformar a atual crise conjuntural num movimento de transição democrática.

    Afinal, com 28 anos da Constituição de 1988, precisamos restaurar algumas instituições, reformas outras e destruir várias das instituições políticas para avançar numa sociedade mais justa, mais fraterna, mais desenvolvida e mais democrática.

    E essa transição precisa do PT, do PSDB, do PSB, de parte do PMDB e outros setores políticos, num movimento político capaz de formar uma maioria parlamentar comprometida e capaz de edificar as reformas democráticas – um novo pacto federativo com reformas eleitoral, tributária etc – tão necessárias, a começar, pelo compromisso da Assembleia de Reformas Constituintes Exclusiva. 

    O atual sistema político e eleitoral perdeu a credibilidade da representação. E sem representantes legitimados os ideais republicanos claudica. 

    Aos caciques fisiológicos que sempre impediram os avanços sociais e democráticos, tais como os RENANS, COLLOR´S, SARNEYS, MALUFES, VALDEMARES, KASSABES, BARBALHOS etc, conforme dizia Eduardo Campos, restará a cadeia ou o ostracismo com o desprezo cívico de que são merecedores.

    Aos que se lambusaram nos eternos esquemas da corrupção que purguem suas culpas. 

     

    1. Enfim uma proposta

      Enfim uma proposta consistente.

      Alguma coisa tem que ser feita. 

      Deixar como estar para ver como fica, não tira o Pais do marasmo que se encontra.

    2. Racismo

       “Numa sociedade com a cultura de raças a presença do racista será, pois, natural.” (Frantz Fanon, 1956). Exatamente, nada mais naturalizado no país do que o racismo oficial, estatal, que comandou a política de embranquecimento e a instalação do mito da democracia-racial. A pescaria de frases dissimula o contexto e o pensamento mais geral de Fanon.

      1. Ênfase a FANON,

        e não a dissimulação é o que professo. Nesta frase o primeiro grande ativista contra o racismo sintetiza uma extraordinária filosofia: o acolhimento da raça como identidade jurídica pelo estado significa a produção de racistas.

        abraço.

    3. Concordo em partte

       

      Discordo com:

      “Pacto social com LULA, FHC, MARINA, AÉCIO, CIRO, ERUNDINA, MARTA, SERRA, ALCKIMIN, JOAQUIM BARBOSA, PEDRO SIMON, CRISTÓVÃO BUARQUE enfim um primeiro time com o que há de melhor,”

       

      Onde o autor do comentário viu “o que há de melhor”?

      No Aécio ? (risos)

      No Joaquim Barbosa?

      No Serra?

      Na Marina?

      Na Marta?

      Acho que destes, só o Ciro realmente pode ser tido como o que há de melhor…

      ———

      “Duvido que algum deles sabote ou desdenhe tamanha iniciativa.”

      Sabe de nada inocente.

      ——–

      Concordo com:

      Todos erraram em 2014. O PT ao insistir com Dilma a qualquer custo, inclusive da ilusão marqueteira do terrorismo eleitoral.

      Realmente, Dilma não tinha e não tem condições algumas de enfrentar o facismo direitista que toma conta do país hoje.

       

      Concordo também com:

      Afinal, com 28 anos da Constituição de 1988, precisamos restaurar algumas instituições, reformas outras e destruir várias das instituições políticas para avançar numa sociedade mais justa, mais fraterna, mais desenvolvida e mais democrática.

       

      Realmente, o republicanismo precisa ser banido da Constituinte.Fazer uma reforma constituicional que corte os super poderes do Ministério Público, da Policia federal, da Midia. Mas duvido que a direita vá largar o osso, antes, criariam uma guerra civil, caso alguém tente mudar algo nisto.

      E o PT é nécio suficiente, para defender o republicanismo, deixar como está, mesmo sem perceber que será a ruina do país.

      Pelo jeito, ainda teremos “muito do que está aí”, antes do país começar a acordar e ver a necessidade de uma reforma constitucional.

      ———-

       

       

      Concordo principalmente com:

      Portanto, a solução ainda é DILMA com a redução do mandato e unificação das eleições gerais para 2017. E essa solução seria boa para todos, inclusive para o PT, PSDB e demais partidos nacionais. A atual geração de líderes será renovada. Em dez anos todos estarão superados.

      A proposta é ousada, porém possível: a renúncia de parte do mandato, assumindo um compromisso público de fazer um ´governo de transição´, e o anúncio do fim da reeleição continua tendo os pré requisitos essenciais: seriedade, determinação, lealdade e credibilidade para tal missão.

       

      Realmente esta é a proposta de ouro, tirar Dilma pelo voto, ao encurtar as eleições para 2016, toda a crise seria eliminada. Nada será resolvido daqui por diante, com Dilma no poder. Após ela mostrar que é contra a auditoria da dívida, e manter Janot e Cardozo nos cargos, nota-se que Dilma não mudará mais nada, se mantida no poder, teremos mais três anos de crise extrema, depressão econômica, e convulsão social.

       

      O comentário está ótimo na minha opinião, exceto algumas linhas, como a que discordei.

      1. Zé, meu xará…

        Observo que a proposta é de uma transição democrática fundada num “Pacto Social e Político” pela governabilidade, a fim de se restabelecer a confiança em nossa capacidade de superar uma crise que já é institucional – a Presidência da República e a Presidência da Câmara de Representantes – para isso, não podemos excluir nenhuma das lideranças mais expressivas em termos nacionais.

        No parágrafo que vc critica, ficou bem observado: ”  enfim um primeiro time com o que há de melhor, mais contraditório, mais antagônico e mais expressivo no mundo político. Duvido que algum deles sabote ou desdenhe tamanha iniciativa.”.

        Veja, não constrói um pacto de transição, no sentido republicano proposto, apenas com quem pensa igual. Por isso, “com o que há de melhor , mais contraditório, e mais antagônico.”.  Sem nenhuma exclusão.

        1. Contraditório?

          Sr. Militão, obrigado por sua participação no debate.

          Perceba bem, o sr. disse “contraditório” ou ” que pensa diferente de nós”. O seu pensamento é republicanista, igual ao dos petistas. eu também já fui petista, por isto te compreendo. Agora voto em Ciro.

          Estes que o Sr. citou não pensam apenas “diferentemente’ do Sr. Não estamos num conto de fadas. E mesmo que estivéssemos eles seriam o lobo mau. Todos eles, são, isto sim contra o Brasil, e a favor dos interesses imperialistas dos EUA. A pátria deles é o dinheiro, não o Brasil. Não tem como argumentar com políticos como estes que o Sr. disse que “pensam diferentemente”. Só se argumenta com uma pessoa que tem grandeza e princípios.

          É por isto que o país está assim. os republicanistas sonháticos não percebem que nãodá para conciliar um inimigo que quer destruir seu país e nos destruir. Por isto o Lula entregou o futuro do país nas mãos de Joaquim Barbosa, nas mãos da mídia direitista. É como convidar a raposa para compor uma aliança com os frangos de uma granja. No fim não sobraria nenhum frango vivo, todos devorados pela raposa.

          Fora este pequeno detalhe seu comentáriuo é muito bom.

  5. Republicanismo

    O republicanismo, é o ingrediente essencial da crise.

    Tirar Dilma do poder, seria a solução, porém, é como extirpar um tumor numa cirurgia de alto risco. Tirá-la e deixar Temer, seria pior ainda. A solução seriam convocações de eleições federais, para renovar executivo, e de preferência o legislativo, já em 2016. Mas duvido que alguém faça isto.

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