Além de matar pessoas, governo Tarcísio quer matar a TV Cultura

A verduga da Fundação Padre Anchieta é a Secretária da Cultura, Economia e Indústria Criativa do Estado de São Paulo Marilia Marton.

Reprodução vídeo

Já escrevi que o governo Tarcísio de Freitas é a maior ameaça política do país. Está miliciando a Polícia Militar, primeiro incentivando os genocídios e, agora, conferindo poder de fiscalização. Depois, investindo contra todas as instituições independentes.

Sua última investida é sobre a Fundação Padre Anchieta, que administra a TV Cultura, e um dos símbolos da sociedade civil paulistana. Ao longo do tenebroso período bolsonarista, a Cultura conseguiu se safar relativamente inteira, com exceção de alguns âncoras das rádios.

A verduga da Fundação Padre Anchieta é a Secretária da Cultura, Economia e Indústria Criativa do Estado de São Paulo Marilia Marton. Apenas reeditou a perseguição que o governo Bolsonaro empreendeu contra a Fundação.

Sua primeira atitude foi cortar totalmente as verbas de manutenção da Fundação – aquelas destinadas a pagamento de salários, reformas, manutenção e lançamento de programas. Em março houve o bloqueio de R$ 35 milhões para a fundação, que teve que se virar com projetos para terceiros.

Depois, entrou em uma série de conflitos conceituais:

Financiamento: A Secretaria da Cultura questiona o alto custo de produção da TV Cultura, defendendo uma redução de despesas. A FPA argumenta que a verba recebida é insuficiente para manter a qualidade da programação e que cortes afetariam negativamente os serviços prestados.

Gestão: A Secretaria da Cultura deseja ter maior controle sobre a gestão da FPA, incluindo a nomeação de diretores. A FPA defende sua autonomia como entidade de direito privado, reivindicando liberdade para tomar decisões estratégicas.

Conteúdo: A Secretaria da Cultura busca direcionar a programação da TV Cultura para um público mais amplo, com foco em entretenimento e divulgação dos feitos do governo. A FPA defende a manutenção de uma programação educativa e cultural de qualidade, mesmo que direcionada a um público de nicho.

Futuro da FPA: A Secretaria da Cultura avalia diferentes modelos para o futuro da FPA, incluindo a privatização ou a fusão com outras entidades. A FPA defende sua permanência como instituição autônoma, com foco na produção de conteúdo educativo e cultural.

Antes disso, não passou incólume pelo governo José Serra, mas por puro oportunismo de Paulo Markun, que assumiu a presidência. Serra estava em fim de governo estadual e Markun ambicionava ser reconduzido ao cargo. Para mostrar serviço, rompeu o contrato com Heródoto Barbero, por críticas ao preço do pedágio, e a mim próprio, por críticas que fiz à iniciativa de Serra de gastar publicidade da Sabesp no Nordeste.

Mas, em ambos os casos, foi decisão individual de Markun. Quem me contou, na época, foi o Secretário de Cultura João Sayad. O arroubo de Markun acabou irritando o próprio Serra, que foi responsabilizado pelas demissões.

Depois de ter sido desligado da Fundação, por manter postura independente, recebi convite da TV Brasil. E fui alvo de reportagem sensacionalista da jornalista Vera Magalhães, na Folha, me “acusando” de ter sido contratado sem licitação. A repórter ouviu a próprio FPA, que falou o óbvio: não podia haver licitação para a contratação de comentaristas. Vera cortou esse trecho da reportagem. E o factóide quase gerou uma CPI proposta pelo deputado Roberto Freire.

Curiosamente, a única irregularidade da FPA ocorreu com a própria Vera, âncora do Roda Viva: a prorrogação do contrato de Vera com a FPA, assinada quatro meses antes do término do anterior, violou a lei proibitiva de assunção de despesas em final de gestão.

Nenhum dos episódios teve responsabilidade da FPA. Foram atitudes individuais de jornalistas ambiciosos. O modelo institucional da FPA, até agora, tem permitido a manutenção de uma programação de qualidade.

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Luis Nassif

3 Comentários

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  1. São Paulo, alguém já disse é um túmulo.

    Do samba, da cultura, da política, desde 1989, FHC e Lula vão governar 24 anos (se o Janjo se reeleger e se a CIA deixar).

    São Paulo é um câncer desse país, desde 32.

    Moeu milhões de Severinos e Severinas no seu modelo capitalista caipira assassino e concentrador

    Deu à Redentora, Fleury e Erasmo Dias.

    Foi em SP que a tigrada da “farinha Lima” se enganou com gosto na ditadura.

    VW, FSP, etc, todos cedendo recursos para a operação Condor e Oban.

    A privataria tucana é paulista.

    Enfim, São Paulo deveria ser extirpado desse país.

    Sorte que governadores quase nunca chegam a presidência….

    Só JK e Collor….

    Ainda bem, nenhum governador paulista….

  2. Burocrata e belicoso, Tarcísio vai transformar São Paulo em um novo Rio de Janeiro. Rapidinho. A única garantia de coesão que vai restar será o PCC.

    1. Hehehehehe…

      Quem dera a vocês, paulistas, que o oligopólio criminoso do PCC fosse diluído da desorganização varejista do CV e das narcomilícias.

      Seria bem mais fácil de lidar, acredite.

      As facções que governam Rio e SP são ideologicamente parecidas, amigo….

      A questão é escala, em tudo SP está para o Rio como o Wal Mart está para a mercearia da esquina.

      Talvez, por isso, o crime no Rio ainda tenha essa cara “lúdica”.

      Não se engane, São Paulo é uma me*da muito pior, porque muito mais organizada

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