Governo estuda estender crédito para reformas residenciais

Em café com jornalistas, Lula falou sobre políticas de crescimento e projetos do governo e afastou as crises com Congresso e ministros

Crédito: Ricardo Stuckert / PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) promoveu um café da manhã com jornalistas nesta terça-feira (23) a fim de estreitar a relação com a imprensa e ressaltar os recentes resultados e programas lançados pelo governo. Nesta segunda-feira (22), o Planalto lançou o Programa Acredite, em que um dos eixos prevê a oferta de R$ 32 bilhões para pequenas empresas e inscritos no CadÚnico que desejam empreender e gerar renda. 

“Ontem nós anunciamos o mais importante programa de microcrédito em 500 anos. É a primeira oportunidade em que a gente está tornando real aquele famoso discurso que eu faço sempre: muito dinheiro na mão de poucos é concentração de riqueza e pouco dinheiro na mão de muitos é distribuição de riqueza”, pontuou o chefe do Executivo. 

Lula, porém, já está pensando em novos projetos relacionados à concessão de empréstimos. O presidente expressou o desejo de lançar um programa dedicado ao financiamento de reformas residenciais, a fim de atingir novos públicos e estimular ainda mais o crescimento econômico. 

“Eu estou trabalhando na minha cabeça, já falei com o [ministro da Fazenda Fernando] Haddad que a gente tenha uma política de financiamento de reforma de casa. Tá cheio de casa que quer fazer um banheiro, cheio de casa que quer fazer uma garagem, tá cheio de pessoas que querem fazer mais um quartinho para o filho. Então, nós temos de criar condições dessas pessoas terem acesso ao financiamento. R$ 10 mil, R$ 15 mil, R$ 20 mil, vamos colocar esse dinheiro para circular. Quanto mais o dinheiro estiver circulando na mão do povo, mais emprego a gente vai ter, mais salário a gente vai ter, mais salário e mais crescimento vai acontecer no PIB brasileiro”, comentou. 

Outras pautas

O presidente aproveitou o encontro para comentar outras questões relacionadas à macroeconomia, além de responder aos questionamentos dos jornalistas. De acordo com Lula, a economia em 2024 vai crescer além da previsão de todos os analistas econômicos, uma vez que “as coisas estão acontecendo no Brasil”. “Posso desafiar vocês a estudarem o que aconteceu no Brasil nesses últimos 14 meses e vocês vão constatar que nunca antes na história do Brasil houve uma quantidade de políticas de inclusão social colocadas em prática.”

Para chegar aos resultados promissores, o governo teve de “arrumar a casa” após a gestão anterior. Porém, Lula comemorou os anúncios de montadoras no Brasil, que somam R$ 129 bilhões nos próximos anos – fato que demonstra que o terceiro mandato teria mais credibilidade em comparação ao Lula 1 e 2. 

O chefe do Executivo também afastou crise ou mesmo conflitos com o congresso, pois além de ter apenas 70 deputados do PT na Câmara e 9 senadores do partido no Congresso, a equipe econômica foi capaz de aprovar a primeira etapa da reforma tributária. “A gente percebe o milagre que aconteceu nesse país. Como se explica a gente aprovar uma PEC da Transição antes de assumir a Presidência da República. Vocês percebem a anomalia de eu começar a governar antes de tomar posse.”

Lula comentou ainda que todas as propostas enviadas pelo governo ao Congresso foram aprovadas, apesar dos vetos, que são normais no regime democrático. “Estou convencido de que estamos em uma situação de muita tranquilidade na relação com o Congresso Nacional.”

Segundo o presidente, não há nenhuma divergência que não possa ser superada. Por isso, apesar de defender a saidinha para presidiários que não cometeram crimes hediondos, para que possam cumprir o processo de ressocialização e visitar suas famílias, a derrubada deste veto pelo Congresso seria “um problema do Congresso”.

O encontro com Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, no último domingo (21) não foi comentado, apesar dos insistentes pedidos dos profissionais de mídia.

Ministros e extrema direita

Questionado sobre uma possível reforma ministerial, Lula afastou essa hipótese, garantindo que em time que se ganha não se mexe. 

Lula comentou ainda o crescimento da extrema direita. “Isso vem, na verdade, desde a manifestação de 2013 em São Paulo. A gente vê o crescimento do extremismo é internacional, não é uma coisa do Brasil. Pelo que vejo de informação, eu sou considerado persona non grata pela extrema direita no mundo inteiro. Há quem diga que sou a figura mais visada por eles, que o Lula precisa ser destruído. A minha volta gerou uma expectativa de otimismo nas relações diplomáticas internacionais que eu até então não conhecia.” 

Um dos próximos grandes projetos do governo será a segunda etapa da reforma tributária, que deve ser apresentada ao Congresso em breve. O presidente não quis comentar as mudanças, mas garantiu que o compromisso é de facilitar a vida do povo. Assim, a alíquota de imposto dos produtos da cesta básica deve ser 0. 

Ex-sindicalista, o governante assegurou que a greve dos professores de institutos e universidades federais é legítima, uma vez que a categoria não tem aumento de salário há muito tempo. “Nós estamos preparando aumento de salário para todas as carreiras e vão ter aumento. Nem sempre é tudo que a pessoa pede, muitas vezes é aquilo que a gente pode dar.”

Nenhum grevista será demitido, diz o chefe de Estado, que adiantou que o Planalto deve fazer a regulação de carreiras dos servidores públicos e também vai conceder aumentos para todas as categorias profissionais. 

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Camila Bezerra

Jornalista

1 Comentário

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  1. O que o governo pagou R$ 614,55 bilhões de juros aos rentistas em 2023. À classe média empobrecida são oferecidas migalhas e endividamento num contexto de não retomada da economia. Minha situação não vai melhorar se eu contrair mais dívidas. O que eu precioso é da reativação da economia real, porque assim eu terei trabalho e renda.

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