Milhares de chilenos resistem em três semanas de protestos

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Milhares de chilenos estiveram ao redor da Plaza Baquedano e Plaza Itália, em mais uma resposta massiva aos recentes anúncios do presidente Sebastián Piñera

De Santiago, Chile

Jornal GGN – São 25 dias de manifestações consecutivas em um país que passou por duas semanas de Estado de Exceção e que, apesar da retirada do nome, manteve uma repressão desproporcional nas ruas, com bombas de gás lacrimogêneo, tanques de gás de pimenta e outras substâncias tóxicas, balas de borracha, metralhadoras e armas de fogo.

O dia 8 de novembro foi a terceira sexta-feira que os manifestantes conseguiram preencher uma extensão de aproximadamente 3 quilômetros nas ruas centrais da capital de Santiago, matemática que a simples vista aérea dá conta de pelo menos 300 mil pessoas, divergente dos dados anunciados pelas as televisões na manhã deste sábado, em 75 mil.

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Foto: Redes Sociais

Milhares de chilenos estiveram ao redor da Plaza Baquedano e Plaza Itália, em mais uma resposta massiva aos recentes anúncios do presidente Sebastián Piñera de convocar um Conselho de Segurança Nacional, anunciando medidas como projetos de “anti-roubos” e “anti-mascarados”, em novas tentativas do mandatário de criminalizar as vozes das ruas.

Á diferença de outros dias de manifestações, a truculência das tropas da polícia civil diferenciou dos protestos anteriores, atuando em medidas mais focalizadas. A mudança na estratégia ocorre imediatamente após observadores da ONU denunciarem como “violação grave” o uso arbitrário e indiscriminado de balas de borracha e metralhadoras para conter os protestos, e solicitando que as forças de segurança do país deixassem de usar estas armas de maneira “imediata”.

Em comunicado nesta sexta, a ONU também mostrou preocupação com “a grande quantidade de mortos e feridos” e criticou que o Chile não aplica “controle de violência nos padrões internacionais existentes, dos quais o Estado chileno é signatário”.

Cenas desta sexta-feira (08) foram compartilhadas nas redes sociais:

Apesar de registrar focos de confrontos, com novas detenções, balas de borracha e gás lacrimogêneo e de pimenta – em um dos relatos mais drásticos, um jovem estudante perdeu 100% da visão dos dois olhos por disparos de bala dos policiais diretamente em seu rosto -, desta vez, as forças armadas não tentaram esvaziar a principal concentração de Santiago, o que prolongou o ato pacificamente até o anoitecer em uma das principais cenas registradas desta sexta-feira: milhares de luzes de celulares em símbolo de resistência.

Vista aérea de la plaza Italia de Santiago, donde miles de personas marcharon contra el régimen de Sebastián Piñera hasta la noche. (AFP / Martin BERNETTI).
Foto: AFP / Martin BERNETTI

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Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

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  1. ….esse golpe na Bolívia tem o mérito de mostrar com clareza como se comporta a elite dos países da AL: o tempo máximo que a burguesia suporta um governo que faça inclusão é de
    13 anos no máximo: foi este o tempo permitido no Brasil, Bolívia……

    Sem os golpes da direita esses governos progressistas se eternizariam através do voto, pelo simples fato de que a direita no poder resulta em miseria, desemprego e submissão aos EUA, vide o governo neoliberal do bilionário Pinera

    E a burguesia sabe disso

    Que a rebelião chilena sirva de alerta para esses governos lambe-botas

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