O histórico de polêmicas do procurador Januário Paludo, suspeito de receber propina

A acusação de supostamente ter recebido propina em troca de proteção a réus da Lava Jato pode ser o mais grave, mas está longe de ser o primeiro imbróglio envolvendo Januário Paludo

Jornal GGN – Januário Paludo acordou nos Trending Topics do Twitter no Brasil na manhã deste sábado (30). Membro da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, o procurador da República agora é suspeito de supostamente ter recebido propina em troca de proteção a investigados.

O furo de reportagem é do UOL, que teve acesso a mensagens trocadas, em agosto de 2018, entre o “doleiro dos doleiros” Dario Messer e sua namorada. O material foi apreendido pelo braço da própria Lava Jato no Rio de Janeiro.

Segundo o UOL, Messer escreveu à namorada quando tomou conhecimento de que Paludo teria uma reunião com uma testemunha de acusação. A mulher respondeu que o procurador está entre autoridades que receberam propina de doleiros em troca de proteção.

A Lava Jato em Curitiba saiu em defesa de Paludo, afirmando que ele não trabalhou em processo envolvendo Messer. Pessoalmente, o procurador não quis comentar as acusações divulgadas pelo UOL.

Nas redes, os críticos se dividiram. Uns preferiram exaltar a gravidade do assunto, e outros ressaltaram que Paludo tem direito a algo que ele próprio não defende na Lava Jato: a presunção de inocência.

Certo é que este pode ser o mais grave, mas está longe de ser o primeiro episódio polêmico envolvendo Paludo.

O procurador – que tem forte ascensão sobre os colegas em Curitiba, como prova o grupo de Telegram batizado de “filhos de Januário” – tem um histórico de atuação que transborda acusações de abuso e suspeição em relação aos investigados.

EPISÓDIO 1 – A ESCUTA CLANDESTINA EM YOUSSEF

O jornalista Joaquim de Carvalho escreveu no Diário do Centro do Mundo, neste sábado (30), justamente sobre dois episódios controversos envolvendo Paludo.

O primeiro trata da escuta ilegal na cela do doleiro Alberto Youssef. Paludo foi o procurador responsável por arquivar um inquérito do caso, “apesar das evidências e de testemunhos de que a escuta havia sido colocada lá pelos delegados mais próximos de Sergio Moro, entre eles Igor Romário de Paula, hoje na cúpula da PF [Polícia Federal] em Brasília.”

EPISÓDIO 2 – A COERCITIVA DE UMA CRIANÇA DE 8 ANOS

O segundo episódio lembrado ocorreu no âmbito de processo contra Lula. Paludo liderou a operação que madrugou na casa de Dona Rosilene, cunhada de um caseiro do sítio de Atibaia. Não satisfeito com o interrogatório no local, Paludo retornou para conduzir a mulher e o filho de 8 anos de idade para depor. O trauma da criança é visível na gravação em vídeo da audiência, frisou o jornalista.

EPISÓDIO 3 – OS BENS DE LULA

Paludo foi ainda o procurador de confiança que Sergio Moro usou para manter os bens de Lula bloqueados, mesmo quando a defesa havia recorrido da decisão ao TRF-4, como mostrou o GGN aqui.

Moro e Paludo, aliás, têm uma relação de décadas. O procurador passou pelo caso Banestado, assim como Carlos Fernando dos Santos Lima (que se aposentou do Ministério Público para se dedicar ao compliance) e Orlando Martelo.

EPISÓDIO 4 – OS GRAMPOS NO ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA

O procurador acusado de receber propina de doleiros também foi quem enviou a Moro um parecer favorável ao uso dos grampos ilegais feitos pela Lava Jato no escritório de advocacia que defende Lula. A atitude foi repudiada pelo advogado Cristiano Zanin, como mostramos aqui.

EPISÓDIO 5 – A DELAÇÃO SELETIVA DE DELCÍDIO

O GGN também registrou que Januário Paludo foi um dos procuradores que tomaram o depoimento de Delcídio do Amaral na Lava Jato.

Nos vídeos das audiências, Paludo aparece bastante desinteressado nos relatos de corrupção do senador cassado, sempre que o contexto envolvia o período em que Fernando Henrique Cardoso (PSDB) era o presidente da República.

A delação de Delcídio seguiu um script de ataques a Lula e aos governos petistas, e acabou desprezada pelo próprio Ministério Público Federal, só que em Brasília.

EPISÓDIO 6 – FORÇANDO A BARRA

Ainda no caso do sítio de Atibaia, Paludo protagonizou outra polêmica: ele foi gravado tentando induzir o depoimento de uma testemunha do caso. O Conjur revelou o episódio em 2016. Anos depois, Moro pediu explicações aos procuradores, mas o caso foi abafado pelo grande mídia.

EPISÓDIO 7 – “O SAFADO SÓ QUERIA PASSEAR”

Paludo deu mais um motivo para a defesa de Lula reclamar de suspeição da força-tarefa em Curitiba quando apareceu nas mensagens de Telegram divulgadas pelo Intercept chamando Lula de “safado” que “só queria passear” (sair da prisão temporariamente).

O contexto era o de um pedido do ex-presidente para comparecer ao velório do irmão Vavá.

Redação

16 Comentários

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  1. COAF neles sim…
    para na linha do tempo poder comparar com a situação financeira dos condenados na época das reformas; na época dos contratos e contrapartidas milionárias, mas seguidas de reformas de pobre, até mesmo com dinheiro do velho pai

    de minha parte nenhuma surpresa se hoje for constatado que podem comprar, cada um deles(as), 10 atibaias e 20 triplex…………………..e um deles até mesmo o Taj Mahal dos sonhos de todos

    mais sujos do que o estado atual de tudo que consideram um luxo

  2. O COAF é tão cobiçado por isto mesmo. Como a balança da justiça o COAF é cego para marrecos, e paludos, assim como tantos outros. Quem não lembra da operação Zelotes, que dos grande sonegadores, passou a perseguir Lulinha

  3. Diferentemente do que diz esta matéria, NÃO FOI a “mulher” (namorada) de Dario Messer que “respondeu que o procurador está entre autoridades que receberam propina de doleiros em troca de proteção.”

    O que está escrito na matéria do UOL [1] é que foi o próprio Dario Messer que disse isso, o que é muito mais grave pois é o próprio pagador que afirma ter pago propina ao procurador Januário Paludo. No UOL está escrito COM CRASE: ‘Depois, afirma à namorada: “Sendo que esse Paludo é destinatário de pelo menos parte da propina paga pelos meninos todo mês.”‘
    – – – – – – – –
    [1] https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2019/11/30/messer-propina-procurador-lava-jato-januario.htm

  4. Parece que agora quem vai ter de eliminar testemunhas é o “pai” dos meninos mimados da Lava Jato.
    Nada como um dia apos o outro para ver a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar.

  5. Esta máfia do MPF certamente não é apenas golpista e corrompida. Quebraram a economia e promoveram desemprego também com o intuito de forrarem os bolsos com o dinheiro sujo.

  6. Todas as pessoas desenvolve estratégias e modos de operação.
    Acho que chegou a hora de dissecar os possíveis gestos de Witzel.
    Primeiro vamos observar as hipóteses mais palpáveis e com maior destaque na mídia.
    A leniência dos governo passados criou um monstro de aparelhamento e desvio de dinheiro público.
    Esse monstro cresceu o suficiente pra tomar pra si os cargos mais altos do executivo do Estado carioca e agora mira as estruturas federais. O monstro chama-se milícia. são diversos grupos, as vezes trabalham em conjunto defendendo interesses comuns, por vezes se separam, quando há desentendimentos.

    Cada vez mais faz sentido que o relatório sobre movimentações financeiras dos deputados do Rio tenham vazado e detonado o caso Queiroz. Flavio Bolsonaro provavelmente era o candidato da família a prefeitura e muito provavelmente ao governo do Estado ( que lhe daria controle sobre a policia e demais órgãos de investigação, assim como serviços de interesse dos grupos milicianos com quem possivelmente possui relacionamento).
    Witzel e bolsonaro se uniram para vencer o pleito de 2018. Logo depois, o caso Queiroz explode a candidatura do recém eleito senador Flavio.Não esquecendo que muitos deputados cariocas foram presos e perderam direitos. Depois de uma decisão do STF , eles retomaram suas cadeiras, ainda que tenham restrições. http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2019-10/alerj-aprova-soltura-de-deputados-presos-na-lava-jato
    Bolsonaro se reafirma candidato a reeleição. Num evento gospel. Os relacionamento com esses grupos forma muito bem explicados aqui: https://jornalggn.com.br/noticia/xadrez-da-logica-economica-e-politica-dos-neopentecostais-por-luis-nassif/

    Witzel se lança candidato a presidência. Misteriosamente, o caso Marielle começa a se esquentar. Este Xadrez foi muito bem explorado aqui: https://jornalggn.com.br/justica/xadrez-de-marielle-e-a-guerra-mundial-entre-witzel-e-bolsonaro-por-luis-nassif/
    Possivelmente, Witzel queria ser o candidato seja pela boa vontade do Bolsonaro-pai, seja pela força. Eliminou a candidatura do filho e vem constrangendo as alianças locais dos Bolsonaro através do caso Marielle.

    Já está claro que há uma guerra em curso dentro das corporações cariocas de investigação.
    Witzel vem se ocupando de colocar pessoas de sua confiança em cargos chave e tirando as de relacionamento mais próximo com Bolsonaro.
    Foi o que ocorreu com as promotoras bolsonaristas no caso Marielle.

    Esse caso do Dario Messer foi apurado pela lava-jato do RIO DE JANEIRO. Não podemos esquecer que Witzel foi juiz federal, tem seus contatos e relacionamentos com a pf tb. O setor mais corporativo da administração pública talvez ainda seja o judiciário, a lava-jato do Rio talvez não funcione diferente, correto?
    A maior ponte, atualmente, dos Bolsonaro com a lava-jato é Moro que tem mais proximidade com o braço curitibano da operação. Moro tem relação próxima com Paludo, o procurador acusado de receber propina. Já explicado aqui: https://jornalggn.com.br/noticia/doleiro-dario-messer-teria-pago-propina-a-procurador-de-curitiba/
    Enquanto isso….
    Continua a guerra milicianesca dentro das corporações e o uso dos cargos pra interesse pessoal.
    Essa semana a Policia civil prendeu um alto cargo da pm da inteligência. Witzel deu entrevista e fez questão de aparecer relacionado ao caso, dizendo que estava afastando maus elementos e que a pessoal que vai assumir já entrou com essa determinação. Ele está tirando gente da milicia inimiga e ligada ao Bolsonaro para colocar gente dele. https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2019/11/29/operacao-mira-pms-suspeitos-de-extorsao-no-rj.ghtml
    Sabe quem era P2? Queiroz.
    Podemos concluir que hoje, a lava-jato está em guerra dentro de si.Os grupos Rio e Curitiba estão assumindo seus lados.
    Não é nada diferente do que vem ocorrendo na administração pública carioca.
    A influência de Witzel tem subido de patamar, chegando na esfera federal.
    Hoje, Bolsonaro parece tentar responder aos tiros que vem recebendo, mas o fez dando tiro no pé. https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2019/12/01/deputados-alerj-psl-policiais-fichados-prisao.htm
    Me parece que as estratégias externas de Bolsonaro são muito melhor articuladas porque tem Bannon Como mentor, as internas são muito precárias e tumultuosas. Witzel tem um modo de operar mais sutil, sempre preocupado em se blindar.
    Minhas apostas para derrubar o Bolsonaro seguem no caso Marielle, mas a bem da verdade, existem muitos casos sendo lançados ao mesmo tempo, o clã nao tem braços suficientes para pegar todos. É a mesma estratégia deles, sendo usada contra eles.
    Eles sempre lançam muitas batatas quentes juntas e a oposição não tem tempo de reagir a todas.

  7. os criadores do caos sempre se acham donos d bola e agem impunemente.até quando?
    mas agora parece que as pessoas começam a perceber quem são esses golpistas que agiram em conluio com a grande mídia financeirizadora e com o departamento de justiça dp estado norte-americano desde a era do famigerado mensalão,,,

  8. Com essa “moral” ele não ia deixar de receber um por fora pela seletividade como bem disse o doleiro insuspeito neste caso.
    E quanto da fortuna que caiu no colo do advogado com as suspeitas e seletivas delações premiadas?
    aquela atividade do procurador para dar palestras não seria um pano de fundo para encobrir a entrada de dinheiro grosso no seu patrimônio? Quando o esquema imoral e fraudulento e altamente rendoso das delações premiadas e negociatadas serão investigadas?
    E a prestação de serviço aos senhores do norte, quanto valeu?
    Falta de moral e ganância sempre foi presente na lava jato.

  9. Não vai dar em nada. Quem vai investigar? A PF que obedece cegamente a Moro? O MPF? Vai acontecer com doleiro algo parecido com a história do porteiro que “se sentiu pressionado por si mesmo” (sic). Está tudo dominado. E sem a mínima credibilidade.

  10. Os Reis da perseguição política disfarçada de combate à corrupção aos partidos de esquerda estão pelados, nus, com a mão nos bolsos… dos doleiros.

    Dá-lhe, Messer!

    É mais fácil o Messi fechar um acordo de delação premiada com a Lava Jato do que Messer conseguí-lo. Exceto se ele comprometer a negar os mensalinhos do Paludão.

    Ele está a provar do próprio veneno.

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