Jornal GGN- Agentes da Organização das Nações Unidas enviados em missão ao Chile, entre 30 de outubro e 22 de novembro, documentaram 113 casos de tortura e maus tratos e 24 casos de violência sexual contra mulheres, homens e adolescentes, cometidos por policiais e militares durante protestos populares.
Os dados sobre violência e violações aos direitos humanos foram divulgados pelo Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para Direitos Humanos (ACNUDH) na sexta-feira, 13 de dezembro.
Desde 18 de outubro, uma onda de protestos contra o governo de Sebastián Piñera toma as ruas do Chile. Inicialmente, as manifestações eram contrárias a um aumento no preço do transporte público na capital Santiago.
De acordo com o documento da ONU, a polícia chilena e as forças armadas violaram as normas internacionais e abusaram do uso da força durante os protestos. “Os policiais descumpriram, de forma reiterada, com o dever de distinguir entre as pessoas que se manifestavam pacificamente dos manifestantes violentos”.
O documento com 30 páginas foi feito pela equipe do ACNUDH, que investigou a situação em sete regiões chilenas durante novembro. Em 235 entrevistas, as vítimas relataram casos de tortura, maus tratos e violência sexual. Também foram feitas 60 entrevistas com policiais, incluindo alguns feridos durante os protestos.
Segundo informações oficiais, desde o início das manifestações, 24 pessoas morreram e cerca de 3,4 mil ficaram feridas. Além disso, mais de 28 mil pessoas foram detidas, a maioria libertada logo depois.
De acordo com o documento, as investigações sobre as mortes apontam que a conduta das forças locais contrariou “as normas e padrões internacionais sobre o uso da força e pode, dependendo das circunstâncias, constituir uma execução extrajudicial”.
O ACNUDH também recomendou uma série de medidas para corrigir as práticas policiais abusivas e repreendeu o governo chileno para “assegurar que as forças de segurança garantam a prestação de contas em relação às violações de direitos humanos e reconheçam estas violações”.
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