Atuando politicamente, Cármen Lúcia pode fazer mais estragos que Cunha no impeachment, diz Kennedy Alencar

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: STF

Jornal GGN – Atuando de maneira política, Cármen Lúcia tem potencial para fazer um estrago nas instituições muito maior do que Eduardo Cunha fez no impeachment. Isso porque Cunha era um deputado atuando dentro de um teatro político pela deposição de Dilma. Já Cármen Lúcia presidente uma Corte que não pode ser manobrada para atender interesses políticos, embora seja exatamente isso que a ministra parece estar fazendo.
 
Em 2015, atuou para favorecer Renan Calheiros. Em 2017, para salvar Aécio Neves. Em 2018, para abrir caminho para que Lula fosse preso.
 
Na avaliação de Kennedy Alencar, o Supremo precisa parar de fugir de sua responsabilidade, como vem fazendo desde o impeachment. Se percebe que Cármen Lúcia está manobrando e atuando de maneira absolutista em relação à pauta do Supremo, os demais ministros precisam enfrentar.
 
Por Kennedy Alencar
 
É sagaz, mas impreciso comparar Cunha a Cármen Lúcia
 
O STF continua agindo com irresponsabilidade institucional. Não resolveu um conflito, a divisão interna sobre autorizar a pena de prisão após condenação em segunda instância, mas já está pronto para deflagrar outra guerra nesta quarta-feira, decidir se um ministro pode derrubar, por meio de habeas corpus, a decisão monocrática de um colega do tribunal.
 
A maior responsável pela crise do Supremo é a presidente da corte, Cármen Lúcia, que tem controle absolutista da pauta. O tribunal possui onze integrantes. A presidência tem de ser exercida levando em conta o que pensam os outros dez ministros, numa verdadeira coordenação do colegiado.
 
É um erro Cármen Lúcia agir como dona da pauta. Isso só acirra os ânimos no tribunal, aumenta as divisões entre ministros e alimenta o clima de guerra no debate político eleitoral.
 
Em dezembro de 2015, ela conduziu a pauta para beneficiar Renan. Em outubro do ano passado, foi a vez de Aécio, com o voto dela, inclusive. Recentemente, prejudicou Lula, com a estratégia de votar o habeas corpus antes das ADCs (Ações Declaratórias de Constitucionalidade) que questionam a prisão determinada pela segunda instância.
 
Se aqueles que desejam manter o entendimento de outubro de 2016 sobre a aplicação da pena de prisão em segunda instância têm tanta segurança sobre o acerto dessa decisão, e creem que Rosa Weber fará malabarismo para manter a atual jurisprudência, não há razão para adiar um novo julgamento do colegiado sobre o tema.
 
O STF precisa encerrar esse assunto. Cada ministro deve assumir as suas responsabilidades, apresentar seu voto e arcar com as consequências de sua escolha. Seria uma forma de virar a página de um tema que reclama uma decisão de mérito, porque desde dezembro o ministro Marco Aurélio Mello liberou seu relatório para votação. Mas a presidente da corte fez questão de engavetar o tema. O Supremo continua fugindo da suas responsabilidades.
 
Detalhe: é sagaz, mas imprecisa a comparação entre Cármen Lúcia e Eduardo Cunha, feita pelo cientista político Vitor Marchetti, da Universidade Federal do ABC, de São Paulo. Segundo Marchetti, Cunha manobrou para derrubar Dilma e Cármen Lúcia para levar Lula à prisão.
 
Mas o STF, presidido à época por Ricardo Lewandowsk e com Teori Zavascki na relatoria da Lava Jato, poderia ter dado um outro desfecho ao impeachment de Dilma se tivesse agido antes de o então presidente da Câmara aceitar o pedido que resultaria na queda da petista. Na época, já eram volumosas as acusações contra o peemedebista.
 
Cármen Lúcia não pode pagar essa conta. Isso cabe ao Supremo como um todo.
 
No quesito dano às instituições, é impreciso comparar as ações de Cunha às de Cármen Lúcia. Ele era um político agindo num teatro político. Já a presidência do Supremo é lugar para atuação jurídica e não para fazer política, o que tem potencial de estrago institucional muito maior.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

12 Comentários

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  1. A vaidade cega …. vaidade

    A vaidade cega …. vaidade meu pecado predileto

    Como diria o diabo do filme Advogado do Diabo: “VAIDADE MEU PECADO FAVORITO”

    A vaidade de infima-ministra não vai permitir que ela enxergue o mal que está fazendo ao País e a Justiça. Os outro ministros enquanto continuarem na zona de conforto e não partirem para o enfrentamento, vão continuar a levando drible da vaca, como se diz no futebol.

    Apesar que acredito que toda esta encenação faça parte do grande acordo, “com STF” e  tudo nas palavras do JUCÁ, o grande GOLPE.

    Tem gente que prefere passar para a história fazendo o bem, como Lula e tantos outros. Já tem outra espécie que prefere passar para a história fazendo o mal, como Hitler e os membros do STF.

    A vida é feita de escolhas.

    1. Cármen Lúcia não vai enxergar

      Cármen Lúcia não vai enxergar nada.

      Aliás, vai. Arrumar uma boquinha num tribunal internacional de qualquer coisa quando a coisa apertar pra ela.

  2. “É um erro Cármen Lúcia agir

    “É um erro Cármen Lúcia agir como dona da pauta. Isso só acirra os ânimos no tribunal, aumenta as divisões entre ministros e alimenta o clima de guerra no debate político eleitoral.”

    Aqui o Kennedy se engana. A dona da pauta não é a mortícia, é a globo.

    O dono da globo foi pessoalmente a brasília antes do julgamento do HC do Lula para passar a pauta com ela.

    A mortícia é apenas uma chantageada da globo e o motivo da chantagem deve ser MUITO GRAVE para ela se prestar a entrar para o lixo da história por isso.

  3. Venda de delação PREMIADA.
    A MELHOR DEFEZA AGORA, É O ATAQUE. TEMOS QUE DENUNCIAR E PROVAR A VENDA DE DELACOES PREMIADAS. SÓ ASSIM, VAMOS CONSEGUIR PARAR O SÉRGIO MORO, E A VENDA DO PAÍS.

  4. Carmem Lúcia x Cunha
    Onde vamos para com essa ditadura – da Justiça. Acredito que iram conseguir aumentar a desigualdade do Brasil . E revoltante.

  5. A “excelentíssima” Carmem
    A “excelentíssima” Carmem Lúcia já tinha mostrado qual era seu lado quando em sua posse para o “digníssimo” cargo disse, “que tinha estudado muito para ser chamada de “presidenta”! Debochando da preferência nominativa daquela que foi “deposta” do trono do Planalto! Nessa ocasião, confirmou-se a máxima
    reinante que a “justiça” aqui continuaria sendo um privilégio para poucos!

  6. Cunha perto de Lúcia é um anjo
    A Insustentável pequenez de um ser togado,envergonha e apequena a Máxima Corte ao mínimo de honradez e justiça.

  7. Tudo está dentro do que os
    Tudo está dentro do que os golpistas planejaram. E eles não odtiam o PT. Apenas estão atuando para atender seus interesses escusos usando como massa de manobra o ódio que os manifestoches têm pelos partidos de esquerda.

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